Cinebiografia retrata a trajetória de vida e carreira de um dos maiores nomes da música brasileira.
Intitulado ‘Homem com H', o filme tem estreia prevista para 1° de maio de 2025, com sessões antecipadas no dia 30 de abril de 2025. Será lançada em todo o Brasil, a cinebiografia de Ney de Souza Pereira, popularmente conhecido como Ney Matogrosso, é roteirizada e dirigida por Esmir Filho. A narrativa, contada sob o ponto de vista do próprio artista, percorre sua trajetória, os preconceitos que enfrentou, conquistas e momentos pessoais marcantes.
Na trama, o astro é interpretado por Jesuíta Barbosa, que representa diferentes fases da vida de Ney — da adolescência à fase adulta — com o desafio de transmitir sua autenticidade, criatividade, talento vocal, presença de palco e a notável excentricidade que o consagrou. O elenco conta com grandes nomes, como Bruno Montaleone, Jullio Reis, Rômulo Braga e Lara Tremouroux.
Ao levar a personalidade de Ney dos palcos para as telonas, o filme representa mais uma conquista em sua trajetória. Aos 83 anos, o cantor chega ao cinema pela quarta vez, após participações nos filmes: ‘Dzi Croquettes’ (2009), ‘Olho Nu’ (2012) e ‘Bixa Travesty’ (2018). Desta vez, a produção foca exclusivamente em sua história, com trilhas sonoras memoráveis que aprofundam a narrativa e envolvem o público na trama.
O longa mostra Ney superando medos, enfrentando estigmas e sua mudança de Bela Vista, no interior do Mato Grosso do Sul, para viver na capital paulista, enquanto lida com um pai conservador e militar, que desaprova sua carreira musical e orientação sexual. O filme também resgata lembranças de sua infância e o início de sua carreira, como sua entrada no grupo "Secos e Molhados", em 1972 — um marco histórico de resistência artística e liberdade de expressão durante a ditadura, com apresentações ousadas e provocativas para a época.
A produção relembra apresentações memoráveis, como a turnê ‘Bandido’ em 1976, e revive cenas inesquecíveis para os fãs do músico, como sua relação com Cazuza, que colaborou no show ‘Ideologia’, em 1988, e o apoiou em diversos espetáculos.
Com a participação direta de Ney Matogrosso no desenvolvimento do projeto — incluindo ensaios e algumas filmagens — o diretor Esmir Filho teve liberdade criativa para explorar o lado lúdico das apresentações. A pedido do próprio homenageado, o filme mistura realidade e fantasia, incluindo devaneios que Ney não pôde expressar na época por medo, mas que, hoje, ele afirma que teria coragem de dizer ou fazer.
“Antes de entregar o roteiro para ele, eu contava como eu estava pensando o filme, e ele ia me alimentando com memórias. Até que compartilhei a primeira versão do roteiro, e eu não me esqueço de que recebi um telefonema do Ney Matogrosso, que dizia ter entendido o que eu havia dito sobre a memória ser uma lacuna, e que a gente nunca vai conseguir desenterrar todas as coisas que ele lembra, mas que eu precisava de uma liberdade poética para poder criar”, contou Esmir em entrevista ao perfil oficial da Paris Filmes no Tik Tok.
Na mesma ligação, Ney afirmou compreender que certas cenas do filme não refletem exatamente o que aconteceu, ou o que foi dito, mas que poderiam ter acontecido daquela forma. “Quando ele disse isso, pensei: ‘Estou dentro de um universo!’”, acrescenta o diretor. A conversa deu a ele segurança para criar sem receio de possíveis julgamentos sobre eventuais distorções da realidade, desde que as emoções transmitidas fossem verdadeiras e compreensíveis, ainda que em outra ordem cronológica ou forma.
A cinebiografia é uma celebração de seus 50 anos de carreira solo. Como parte das comemorações, foi realizada uma exposição no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, e, por meio de uma imersão, era possível revisitar em ordem cronológica a trajetória do artista e ver de perto objetos e retratos que marcaram sua história. O filme também terá estreia internacional no dia 6 de maio de 2025, no 27° Festival de Cinema Brasileiro de Paris.
Esses projetos reforçam a importância de Ney Matogrosso na indústria musical brasileira. Ao longo de cinco décadas, o artista rompeu tabus sociais e artísticos, reafirmando os traços de brasilidade por meio de seus diferentes estilos e da coragem de assumir uma persona à frente do seu tempo. É notável a sua influência nas novas gerações de músicos, que hoje se expressam sem medo, em um cenário mais aberto à expressão de gostos, sexualidades e opiniões diversas.
Por: Camilla Oliveira.
Edição: Erika Osti.
Revisão: Victor Souza