Desde o começo de seu mandato no início do ano, o presidente Donald Trump vem implementando tarifas em produtos importados e de exportação do próprio país. Suas altas tarifas acabam por causar um efeito cadeia em países parceiros dos Estados Unidos, que por sua vez rebatem com tarifas próprias.
A alta inflação, o alto índice de desemprego crescendo e a instabilidade financeira vista em todo o mundo, pôde-se observar um período de recessão se formando, em especial nos EUA. É inegável que moda e política estão entrelaçadas, o setor da moda vem sendo afetado cada vez mais. Tendências como “Recession Core”, a estética da recessão, vem ganhando espaço de forma a induzir a redução do consumo excessivo de roupas, priorizando peças com maior durabilidade e preços mais acessíveis. As roupas de luxo que antes ocupavam as vitrines, cedem lugar a peças atemporais e aos famosos “clássicos de armário”.
A palavra 'recessão' significa regredir e, no âmbito econômico, é um período de declínio na atividade econômica. O portal de notícias, The Business of Fashion, retrata em algumas de suas matérias a preocupação das empresas com a recessão econômica, citando Miuccia Prada, designer-chefe da Prada e fundadora de sua subsidiária Miu Miu, quando ela explica que em tempos incertos é preciso trabalhar com responsabilidade.
A recessão atual compartilha semelhanças com a grande quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Trazendo o fim do glamour iniciado em 1920, os chamados “anos loucos” onde a moda era influenciada pelos aspectos econômicos e sociais, o crash econômico gerou uma mudança radical na estética e no comportamento do consumidor, saindo de vestidos com brilhos e extravagâncias para roupas mais simples, versáteis e acessíveis. A silhueta andrógina sai de cena para as curvas acentuadas no vestuário feminino. Atualmente, podemos ver movimentos semelhantes como a alta busca por peças básicas, que assim como nos anos 30, buscam acentuar a silhueta e serem, também, de ótimo custo-benefício. Peças mais simples e funcionais ganham espaço, mostrando que assim como em 1929, a moda reflete as transformações da sociedade.
Essa mudança não se restringe apenas ao consumidor, nos últimos anos marcas de luxo também têm adotado o minimalismo funcional em suas coleções. Donos de marcas do alto escalão da moda vem lançando coleções que apostam em peças do guarda-roupa cotidiano.
Diante desse cenário, fazendo mais do que apenas seguir tendências, o setor fashion vem repensando nos seus próprios valores, a sustentabilidade e a acessibilidade ganham protagonismo em meio à instabilidade. A recessão nos impõe limites, mas também abre espaço para criatividade e reinvenção, fazendo com que a moda deixe de ser apenas sobre roupas ou estética e se torne uma forma de se posicionar diante das mudanças do mundo.
Por: Gabriela Espin e Giovanna Ribeiro
Revisão: M. Eduarda Barboza