No último dia 24 de abril, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou a prisão imediata do ex-presidente da República Fernando Collor de Mello. A prisão ocorreu no Aeroporto de Maceió, na madrugada do dia 25, quando Collor tentava embarcar para Brasília, segundo seus advogados, para se entregar.
Collor foi eleito governador de Alagoas em 1986 e se candidatou à Presidência da República em 1989. Iniciou a campanha com 6% das intenções de voto e acabou eleito no segundo turno.
Algumas características de Fernando Collor, na campanha de 1989: veja, caro leitor, se você identifica semelhança com eleições recentes no nosso país:
Collor dominava muito bem o principal meio de comunicação da época, a televisão. Sua família era proprietária da retransmissora da Rede Globo para Alagoas.
Era um político que falava mal dos políticos, apesar de ter sido político a vida inteira.
Apresentava-se como “Caçador de Marajás” (cortou salários de funcionários públicos com altos salários) e como o único que poderia salvar o país de um governo do PT (partido muito mais radical na época).
Seu governo, um desastre total, teve dois fatores principais:
O primeiro foi a atuação da ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, e sua equipe econômica, que confiscaram o dinheiro de todos os brasileiros, diminuindo a liquidez do mercado, e congelaram os preços dos principais produtos de consumo, focando principalmente nos alimentos. O resultado foi desespero pelo sumiço do dinheiro, euforia pelos preços congelados no supermercado e, por fim, decepção, com prateleiras vazias e falta de produtos para comprar.
O outro fator foi um tipo de governo baseado na cleptocracia. Sim, leitor, você não leu errado. Os roubos dos cofres públicos eram excessivos e poucas vezes disfarçados, ao ponto de levar a um processo de impeachment, que culminou com sua saída do cargo. Ele não foi cassado no final do processo. Como todo bom covarde, renunciou apenas oito horas antes de se iniciar a votação no Congresso.
O que realmente chama atenção em tudo isso é o fato de essa prisão ocorrer somente agora, muitos anos depois da sua renúncia e dez anos após o início do processo de corrupção na BR Distribuidora que levou a essa detenção.
E indignação maior causará quando o detento for solto em um tempo muito menor que a pena imposta. Vamos aguardar e, oxalá, tenhamos neste momento o começo de um outro país.
Texto por: Ciro Massari
Edição: Gustavo Novais Brasilino
Revisão: Victor Souza