"Ainda Estou Aqui" leva para casa o Oscar na categoria de Melhor Filme Internacional, e "Anora" surpreende a todos ao conquistar cinco estatuetas, incluindo Melhor Filme, Melhor Atriz e Melhor Diretor, consolidando-se como o maior vencedor da noite.
Imagem com a estatueta do Oscar e elementos cinematográficos. | Reprodução: Freepik.
A cerimônia do Oscar 2025 ocorreu na noite deste domingo (02/03/25) em Los Angeles, sendo transmitida no Brasil pela TV Globo e pelo aplicativo de streaming da Max. Considerado o prêmio mais importante do cinema mundial, a 97ª edição do Oscar ficará na memória dos brasileiros. O filme "Ainda Estou Aqui" recebeu três indicações: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz (Fernanda Torres) e fez história ao conquistar, pela primeira vez, um Oscar para o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional.
O apresentador e humorista Conan O’Brien, conduziu a cerimônia esse ano e não faltaram piadas sarcásticas sobre os filmes, atores indicados e até sobre política. Entretanto, sua piada sobre o filme brasileiro: “‘Ainda estou aqui’ é sobre uma mulher que segue a vida sozinha depois que o marido desaparece. Minha esposa viu e disse que é um dos poucos filmes bons do ano”, gerou críticas entre os espectadores brasileiros que a consideraram de mal gosto. Conan também brincou com o fato da palavra ‘fuck’ ter sido usada 479 vezes em "Anora", superando o recorde do assessor da atriz espanhola Karla Sofía Gascón, a piada foi uma referência aos tweets polêmicos da atriz com teor racista e xenofóbico publicados entre 2020 e 2021. Em uma alfinetada política, aproveitou o enredo de "Anora", em que a jovem se casa com um herdeiro russo e enfrenta conflitos no divórcio e ironizou: "Acho que os americanos estão entusiasmados por verem alguém finalmente se opor a um russo poderoso”, referindo-se ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e o líder russo Vladimir Putin.
Durante a cerimônia, homenagearam os bombeiros de Los Angeles pelo combate aos incêndios na cidade e realizaram o tributo aos falecidos no Oscar denominado "In Memoriam", momento em que são homenageados artistas, produtores e diretores que faleceram no último ano.
O grande vencedor da noite foi ‘Anora’, que levou cinco estatuetas. O diretor Sean Baker subiu ao palco para receber os prêmios de Direção, Montagem e Roteiro Original. O longa também venceu nas categorias de Melhor filme e Melhor Atriz, com a norte-americana Mikey Madison. Em seguida, "O brutalista" conquistou três estatuetas: Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora e Melhor Ator, para Adrien Brody, que recebeu a estatueta com tanta emoção que se estendeu no discurso de agradecimento.
Entre os premiados da noite, “Duna: Parte 2” levou dois Oscars, de Melhor Som e Melhores Efeitos Visuais. Curiosamente, o primeiro filme da franquia também havia conquistado essas mesmas categorias em 2022, provando a consistência da qualidade técnica da produção. “Emilia Péres”, apesar das críticas, também garantiu duas estatuetas: Melhor Canção Original (El mal) e Melhor Atriz Coadjuvante para Zoe Saldanã. A produção da Disney “Wicked” venceu em Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino, além de abrir o evento com as estrelas Cynthia Erivo e Ariana Grande, que brilharam ao apresentar um trecho do musical inspirado no clássico "O Mágico de Oz". "Conclave" levou o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado, entregue ao diretor Edward Berger. "A substância" venceu em Melhor Maquiagem e Penteado, enquanto Kieran Culkin recebeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por "A verdadeira dor"
O diretor Walter Salles recebeu a estatueta ao lado do icônico "Oscar Winner Envelope", que revelou a histórica vitória do Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional, com "Ainda Estou Aqui". Outro feito histórico foi o primeiro Oscar conquistado pela Letônia, que venceu a categoria de Melhor Animação com "Flow". O impacto cultural do filme foi tão grande, que uma escultura 3D do gato protagonista foi inaugurada na capital, Riga, logo após a indicação ao prêmio e a estatueta foi exposta no Museu Nacional de Arte da Letônia, atraindo filas de mais de uma hora.
O Oscar de Melhor Documentário foi para "No Other Land", produzido por um coletivo palestino-israelense. Na categoria de Melhor Documentário em Curta-Metragem, o prêmio ficou com "The Only Girl in the Orchestra", dirigido por Molly O’brien. "I’m Not a Robot" escrito e dirigido por Victoria Warmerdam, conquistou a estatueta na categoria de Melhor Curta-Metragem, enquanto "In the Shadow of Cypress", uma produção iraniana dirigida por Shirin Sohani e Hossein Molayemi, venceu como Melhor Curta-Metragem Animado.
Um marco na história do cinema brasileiro.
Fernanda Torres, indicada ao Oscar de Melhor Atriz, compartilhou nas redes sociais um registro dos bastidores da premiação. Apesar de não ter levado a estatueta, celebrou a histórica vitória do Brasil. Na legenda, a atriz escreveu: "Nós vamos sorrir. Sorriam!" referindo-se à cena do filme em que a família posa para uma foto após o desaparecimento de Rubens Paiva (Selton Mello) e Eunice Paiva (Fernanda Torres) contraria a orientação do fotógrafo para não sorrir e usa essa frase icônica.
Envelope do Oscar e Estatueta entregue a Walter Sales. | Foto: Fernanda Torres/@oficialfernandatorres.
Esse Oscar representa mais que uma premiação para o Brasil. Simboliza a voz e resistência das vítimas da ditadura militar no Brasil e, principalmente, a luta incansável da família Paiva. Acima de tudo, essa vitória reforça a importância da memória histórica, lembrando ao mundo as marcas deixadas por um período de violência, censura e opressão. A noite do Oscar tornou-se uma celebração digna de Copa do Mundo para os brasileiros, mostrando ao mundo a potência do cinema nacional e mais do que um reconhecimento cinematográfico, é um tributo à verdade e à justiça.
Por: Erika Osti
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